Monday, September 20, 2010

Bastardos Inglórios


Há uma infinidade de textos dedicados a discutir a realidade no cinema e separar o que é fato do que é ficção, em “Bastardos Inglórios”, Quentin Tarantino colabora adicionado mais volume e posicionamento na discussão.
No filme que se passa no auge da II Guerra, as táticas e estratégias militares pedem licença a sétima arte antes de definir qualquer ação no campo militar. Em brilhante narrativa, críticos de cinema e astros das telas se revezam para delimitar os rumos da II Grande Guerra. No jogo de xadrez que lança sobre o tabuleiro o destino das tropas na Europa, nomes como Max Linder, David O. Selznick e Louis B. Mayer têm mais força que qualquer disparo no front de batalha.
A história do filme acompanha um grupo de soldados (que dão título ao filme), uma judia (disfarçada) proprietária de um cinema na França e um cruel oficial do alto comando nazista. Todos em atuações impecáveis, cujo maior destaque vai para Christoph Waltz. O Ator austríaco ganhou quase todos os prêmios imagináveis pela sua caracterização do Coronel Hans Landa, que toma o filme para si logo nas primeiras cenas que parecem dilatar o tempo em um dialogo bilíngüe, tenso e angustiante.
Muito interessante notar como Tarantino filmou seus últimos trabalhos (arrisco até a dizer que 'Bastardos' é seu melhor filme), se em “A Prova de Morte” havia uma forma de cinema perdido reclamando seu espaço, em “Bastardos Inglórios” há a sensação de se estar descobrindo uma dessas obras indevidamente ignoradas pelo cinema. A opção do diretor em apresentar o logo antigo da Universal ao inicio do filme situa a obra no passado, como se a mesma tivesse sido produzida e esquecida pela história, sendo tardiamente descoberta pela luz dos projetores.
História que o próprio filme redefine sob a ótica da sétima arte e em seu templo mais que sublime: a sala de cinema. Na guerra sobre a separação de fato e ficção, cinema e realidade o posicionamento de um filme como Bastardos Inglórios em meio a tal fogo cruzado é bastante direto... Prevalece o cinema!

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